- Área: 320 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Nicolás Mántaras, Alejandro Ochoa, Carlos Pardo
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Fabricantes: Argos, El Cedro Rojo, Fiberglass Colombia, Montajes del Acero, Muma
Descrição enviada pela equipe de projeto. A residência El Carajo está localizada no parque ecológico Los Salados, às margens da represa La Fe, 30 quilômetros a sudeste de Medellín. Seus conceitos principais estão no diálogo respeitoso que a obra estabelece com o entorno, propiciando múltiplas relações com a paisagem e na transformação de elementos da arquitetura tradicional em componentes que condizem com as exigências da vida contemporânea.
Fazer parte da paisagem
As características particulares do local, sejam elas geográficas, paisagísticas ou ambientais, foram determinantes na configuração volumétrica, localização e organização espacial da residência.
A fachada norte (convexa) é composta por muros de concreto perfurados por aberturas profundas que emolduram a paisagem próxima e acompanham a circulação principal. No centro da fachada sobressai um volume negro (Zaguán) que serve como acesso e ajuda a organizar o percurso no interior. Nas fachadas laterais, pequenas aberturas permitem estabelecer uma relação mais íntima com a vegetação. A fachada sul, mais transparente e aberta a paisagem, apresenta uma leve concavidade com a intenção de dialogar com a forma orgânica da represa. Ao inclinar a cobertura em direção a represa e separá-la da fachada, cria-se um espaço intermediário sob o beiral, um limite que reduz a tensão entre interior e exterior.
A residência configura-se, portanto, em um simples volume horizontal que pousa de maneira leve sobre o terreno natural, a fim de converter-se em um elemento a mais na paisagem.
Celebrar a tradição
A configuração longitudinal da residência, voltada para a paisagem através de um amplo corredor, faz referência às tipologias tradicionais da arquitetura dos andes colombianos, de longe a construção é percebida como uma casa comum, mas ao aproximar-se os detalhes particulares se tornam visíveis respondendo aos requerimentos do habitar contemporâneo e os desejos específicos dos seus habitantes.
Tanto os proprietários quanto os arquitetos concordaram em desenvolver uma casa de campo afastada dos padrões de uma moradia urbana, criando um espaço acolhedor e confortável para descansar. Foi assim que se decidiu construir a residência com materiais naturais: nobres e táteis, que mostram sua idade com o tempo, como o concreto composto pela areia local, madeiras sem polir e pedras da região que ao entrar em contato com a luz são capazes de produzir uma atmosfera acolhedora e uma sensação de naturalidade no espaço.
Bioclimática
Ao localizar-se sobre os Andes a uma altura aproximada de 2.100m, a temperatura oscila entre os 12°C na madrugada e supera os 22°C durante a tarde. Esta condição nos levou a propor soluções passivas de ventilação e iluminação, evitando o uso de tecnologias adicionais que demandam consumos energéticos desnecessários e resultam mais caras.
A cobertura inclina-se para o leste com a intenção de captar energia solar e aquecer a residência pela manhã. No sentido contrário da inclinação, a altura da cobertura facilita a circulação do ar, mantendo durante todo o dia uma temperatura constante no interior. Os amplos beirais ajudam a proteger as fachadas das fortes chuvas e da insolação. Além disso, possibilitam a criação de aberturas de correr na parte superior do volume de concreto, permitindo a entrada controlada de luz, conferindo aos espaços interiores uma sensação de naturalidade.
Originalmente publicado em 1 Novembro, 2014